Marina cortou os cabelos.
Não, Marina não era morena Marina.
Era branquíssima por sinal.
E de cabelos castanho-claros.
Agora na altura dos ombros.
- O mundo quis assim - respondia quando questionada sobre a mais nova mudança.
- mas, Marina? ! ...
Não tem saudade daqueles cabelos lindos?
- Mas o cabelo é o mesmo.
- É diferente. Seu cabelo enrolava no finzinho... liso em cima e cachinhos lindos no finzinho. Você mexeu muito no tamanho.
Os cachinhos morreram.
- É... não tinha percebido.
- Como não? Agora tá assim... mais normal.
Liso em cima, em baixo, pronto. Você não fica feia, Má, você sabe...
É uma opinião pessoal apenas.
É que eu adorava te ver de costas. Só pra ir te olhando bem devagarzinho de cima a baixo. Começava com aquele lisinho cor de sol escuro, ia descendo e chegavam as ondinhas misturadas a umas molinhas, sabe?!
Não, não sabe.
Sensação preciosa mesmo.
Mas e aí Má, vai fazer o que no fim de semana?
- Pensei em pegar um teatro. Nada de grandes badalações. Preciso ver a vida de fora um pouco. Dar um tempo. Viver tem me cansado.
- Já ia te chamar prum blues. No sábado. Um amigo vai tocar. Não é nada tão agitado. Mas já era uma oportunidade de mostrar o cabelo novo pro mundo.
No caso de curiosos eu me encarrego das respostas, juro.
- Não sei, mas ligo pra tu amanhã. Se me der de ir.
- Tá bom.
E a cor? Pensou em mudar?
Imagina: morena enfim Marina?
Quero dizer...
- mas pro blues? Iam encher o saco.
Pensei ruiva, sabia? Mas bem ruivinha mesmo.
Mas de fogo basta por dentro, né?
E além do mais tenho muita roupa vermelha.
Não queria me desfazer. Não agora.
Sente só: aquele vestido vermelhaço combinando com o cabelo?
Não cheguei ainda a esse ponto.
Ai, de repente esse vestido pro blues é uma boa.
- Então já tá combinado?
- Combinado.
Eu acho.
Se não chover...
- Podeixar. Confia em mim, Marina.
Eu também me encarrego disso por você.
quinta-feira, maio 18, 2006
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