segunda-feira, dezembro 04, 2006

como é que eu vou dizer?

Não é que eu queria estar com você, nós estamos, mas eu não sei o que fazer com essa presença.
Volta e meia te chamo
Volta e meia me chamas
Volta e meia nos encontramos
Eu vou, tu vais, nós vamos.
(pra onde, meu bem?)

Não é que eu queria amar você um tantinho, eu amo, mas não sei o que fazer com esse amor.
Vez ou outra faço cafuné
Vez ou outra fazes massagem
Vez ou outra fazemos cócegas
Eu faço, tu fazes, nós fazemos.
(mas o que é que se faz quando não se sabe o que fazer?)

Não é que eu queria te falar uma coisa bem bonita no ouvido, eu falo, só não sabemos o que fazer com o silêncio que se segue.
Ora eu rio
Ora tu choras
Ora nos calamos profundamente
Você ri, eu choro, nos calamos.
(Por que se cala quando se fala demais?
ou
Por que falamos demais depois de um tanto de silêncio?
ou
Por que se fala quando tudo que desejamos é silêncio?
ou
Por que o silêncio se temos tanto pra falar?)

Não é que eu queria segurar tua mão, damos as mãos, mas o que fazer com o nosso corpo, nem sabemos.
Tu beijas
Eu abraço
Nós suamos
Eu toco
Tu cheiras
Nosso coração palpitando
Tu sentes
Eu sussurro
Nós suspiramos
Eu acaricio
Tu deslizas
Nosso olhar eternizando
(é que temos tanta vida em nós que não agüentamos. e é essa vida vivinha que respiramos.)

4 comentários:

Maíra Egito disse...

delícia te ver vivendo a vida vidinha.

;*

Iuri disse...

Tainá,

há tempos não deixo minhas palavras por aqui, e confesso estar mal por isso.

e me deparo agora com tanta vivacidade e amor quando leio o que escreves mocinha.

que sentimentos belos para começar dezembro hein dona Tainá.

beijo pra você

Anônimo disse...

O que fazemos dos silêncios, pra mim, é o maior desafio do amor.

Frederico Machado disse...

Já havia lido esse seu texto. Porém, não o comentei ainda porque seria injusto. Não o li devidamente. Agora sim. Posso falar. Tá muito bom. E tenho que dizer, que noto ao mesmo tempo uma inquietação bem a Álvaro de Campos e ao mesmo tempo uma coisinha de Ricardo Reis ( Não é que eu queria segurar tua mão, damos as mãos...). Diria que você tem lido bastante Fernando Pessoa. E isso é muito bom. Apesar de estar em versos só consigo visualizar esse poema no ritmo da prosa. Acho até que ficaria melhor em prosa. Beijos!