segunda-feira, novembro 26, 2007

Era como se fôssemos dois.
Viam-nos como se fôssemos dois.
Juntos nossa conta era certa - era outra: meia pessoa em cada um.
A outra metade de nós era tão perdida, tão inevitavelmente perdida que se afogava em qualquer céu, em qualquer mar ou deserto que imitasse com beleza nossa dor sem beleza. E você logo diria que não sem beleza, pois não existe estética, não existe a beleza, não existe o que é a beleza e assim, nos colocaria numa posição mais confortável que é a de pressupor que nossa dor teria sua própria beleza ou sua beleza própria, se assim lhe coubesse melhor, e eu entenderia, usando algo que você chamaria de lógica binária, que no mundo tem espaço pra tudo, inclusive uma dor bela ou uma alegria triste. Mas não era isso, e você diria que não, na verdade não era isso, e que. Porém tudo já teria mudado de cor, uma rua errada, um minuto andando dois, hora disso, hora daquilo, conversa embrulhada no estômago me deu enjôo, você disse que foi o sol.
O sol, mais uma vez o sol.

2 comentários:

Julya V. disse...

Nossa, Tainá... fiquei dando uma olhada rápida por tudo aqui, e fiquei muito impressionada. Você tem uns textos lindos. Melhor: lindíssimos. Desses que a gente vai lendo com gosto, e não cansam de surpreender por entrar num caminho inesperado, ou por entrar até mesmo no esperado, no encaixe exato. Lindos. Tô me repentindo, eu sei.
Bom, queria só dizer que o "gestação", lá de baixo, me tocou especialmente.
um beijo e já volto.

Iuri disse...

[2] para o que Julya disse,

mas seu fã n°1 sou eu porra, esse posto ninguém há de tirar, hahahaha.


Tainá,
de moça enluarada a menina do sol.

=)