domingo, julho 16, 2006

Às vezes o olhar
Ou não: os próprios olhos
Que dizem qualquer coisa de beleza
Beleza de infinito
Beleza que não tem dimensão da própria beleza
Beleza de mar
Que só de existir já é grande por natureza
Por natureza já é bonito e grande e azul
Não é só isso:
É essa estranha harmonia
Tudo o mais
Os cabelos
A pele
As cores e sons
O corpo que não se define
- O que há por trás dessas tuas roupas, hein?
Essa sua presente presença
Que não me deixa escapar
Eu te admiro –
Não porque é algo de paixão adquirida –
É porque eu respiro
Eu respiro e te amo
Não é banal
É como se quis
Você veio para o amor
Os outros pra te amar
E eu me ponho no lugar
Não há nada de mal, aliás
Você compensa
Sem dramatizar: compensa
As tuas roupas te servem
Te estendem
Se destornam roupas
Se tornam você
É bonita a sua chegada
É sempre um momento divino
São três segundos ou mais até os dois beijinhos
Três segundos pra te admirar a vida inteira
E eu o faço sem pudor
Três segundos em slow motion
Sem piscar os olhos
Pudera: faz parte da minha existência
Faço bem o que me foi cuidado
A tua partida é bonita
É sempre chegada
Chega-se a hora de ir
E não há hora que te vá, que te parta
Não há isso que não te reflita
E ainda assim não é banal, repito
E ainda assim há tanto mais


[Que ainda que me cale]

2 comentários:

Cayo Candido disse...

Eita...
Gostoso ler esses tantos versos...
Versos desmedidos e sem medo...
Versos perigosos,
mas versos gostosos!

Iuri disse...

Passeando por blogs alheios, deparei-me com o teu, e tive uma agradável surpresa.
São belos os teus poemas, exprimem muita sinceridade.
Parabéns.
Beijos.